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Mostrando postagens de dezembro, 2017

Meu vício!

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‘ Não sou muito boa em despedidas! ’ Dito isso, permaneci imóvel na cadeira que me acolhia há algum tempo e já me incomodava as pernas encolhidas junto ao corpo, desconfortavelmente. O cigarro na mão já se juntava ao cinzeiro com inúmeros outros, mal acabados, assim como nós. Cinzas ficavam por ali, significando nada mais do que algo que um dia foi e não o é mais. Nem me esforçava para limpar as pequenas sujeiras que ficavam na mesa empoeirada, eram apenas resquícios... Acendi outro, esperançosa pela nova sensação de uma nova tragada, em vão. Só me observava ali, com meu vício, enquanto eu confessava o outro: você mesmo. Entenda, vício! Como algo negativo, não me fez bem e não consigo deixá-lo ir. Quero-o longe. Preciso manter o respeito por mim mesma. Aos prantos só ordeno: Vá! Vá, sem volta. Sem recaídas. Não preciso de mais vergonha e melancolia. Não era incomum esta cena, não? Por isso mesmo que ela devia ter um ato final, este! Que seja este! A cada vez que bateu a ...

Tempo, cada um tem o seu!

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Calma, calma! Eu nunca disse que não queria, pelo contrário! Acredito que minhas atitudes e minhas palavras sempre foram coerentes com meus sentimentos. Puros, ingênuos, porém muito fortes e claros. Eu lhe amo, calma! Não fecha a caixinha ainda… Não neguei, só pedi mais tempo. Há tanto ainda para descobrirmos… Que lindo, que bom gosto, você escolheu? Não, não, não duvido… só quero saber se pensou em nós para escolhê-lo. Não sei o que lhe dizer mais. Sinto que meu silêncio fica pesado, seu olhar parece decepcionado. Não fique assim. Temos tempo! Há situações pelas quais ainda não passamos e precisamos antes dessa grande decisão. Essa nossa escolha pode sim ser precipitada, são mais pessoas, além de nós, que se envolveram. Não chore, eu sei sim o que sinto. Nunca menti nem duvidei… Apenas não acho o momento propício. Você vai devolver? Não, isso não mudará minha decisão. Você é especial, já lhe disse isso. Único! Não estou sufocada, apesar de que realmente gostaria de ...

Eu esperava que fosse diferente

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Eu esperei… Enquanto a música tocava, não nos dando chance nem mesmo de trocar poucas palavras, esperei que me chamasse para dançar. Enquanto dançávamos, esperei que falasse ao meu ouvido o quanto gostou dos passos que trocamos suavemente; esperei que seus lábios tocassem os meus e que isso transformasse aquela noite. Enquanto nos despedíamos, esperei que me abraçasse e prometesse me ligar. Enquanto nos conhecíamos pelo telefone, esperei que me chamasse para sair e que quisesse isso por várias noites a fora. Enquanto comemorávamos nossos aniversários, mês a mês, esperei que pedisse um compromisso mais sério. Hoje, depois de tanto tempo, de tantas conversas… eu esperei que fosse diferente. Que você fosse diferente. Esperei que jamais me magoasse, ou que quando acontecesse, soubesse contornar a situação. Esperei que a minha confiança, pouco depositada – marcas minhas – fosse valer a pena… o risco. Na verdade, esperava que não fosse um risco. Eu esperei você ont...

Descubra-me

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Venha descobrir como sou antes que o tempo passe, que perca a oportunidade de saber de mim com a minha permissão. Venha descobrir que prefiro seu abraço mais sincero que um beijo seu dado somente como uma despedida antecipada. Saiba que prefiro rosas, mas, recebo qualquer flor pelo simples gesto que elas representam. Veja o quanto gosto de um carinho e que, para mim, ele pode ser o remédio para a maioria dos males. Descubra o valor que dou para seus recados inesperados; saiba o quanto eles me alegram o dia, e o quanto me entristece quando apenas desconsidera esse detalhe. Saiba mais de mim procurando ver que penso mais no bem estar alheio, e isso com certeza diz respeito a você. Veja o quanto sou inflexível a atrasos, mas prefiro que seja tarde a nunca. Descubra que gosto de lhe receber perfumada e, a cada dia, escolho um perfume diferente para que sinta sempre algo novo, mesmo sabendo identificar que esse é o meu ‘cheiro’. Descubra que minhas palavra...

Você vai e eu lhe espero

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Não é a primeira vez que vejo você saindo pela porta de casa para encontrar com ela. Sempre as mesmas coisas: assuntos que permanecem inacabados, resoluções de pendências urgentes, dúvidas quanto ao destino daquele que é comum à vocês… Isso pra mim soa apenas como algo que sempre ‘é’; nunca deixou de ser. É simplesmente dolorido vê-lo chegando já sabendo que a partida será em breve, e que outra terá o prazer de passar momentos com você… e que eram para ser exclusivamente meus. Sinto-me roubada. Principalmente quando me é prometido um ‘presente’ e um ‘futuro’ que não sinto serem meus ainda. É sempre o ‘passado’ lhe chamando! Entre e fecha a porta; simples assim! Pelo menos eu gostaria que fosse. Você custa a entender o tamanho do meu incômodo com tudo isso. Mas é fácil pra você, já que é parte atuante da problemática. Eu sou mera espectadora… de cenas que envolvem minha vida, meus sentimentos… e a pessoa que amo. Aí me pergunto o quão dúbio pode ser o amor. Sim, dúbio! Eu o a...

Como você gosta?

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Parece uma pergunta bem fácil de responder. Na verdade, é. Se eu pergunto como você gosta do seu ovo: frito, cozido ou mexido? Como gosta do seu arroz: soltinho ou ‘empapado’? Acho que são questões que conseguimos responder sem muita dificuldade… a resposta é mais fácil com um parâmetro e são situações em que a decisão é sobre algo palpável. Agora, se formos mais profundos, se eu pergunto como você gosta que lhe amem? Entendendo aqui o amor como uma necessidade. ‘Ai, gosto que me amem profundamente’ – linda resposta né? Quase que unânime. Mas pense bem, não diz nada isso. Profundamente… uma piscina com dois metros de profundidade tem um efeito para mim, mas para uma criança tem outro… O que quero dizer é que não é uma resposta de mão única, mesmo sendo questionada a maneira como VOCÊ gosta. Geralmente gostamos que nos tratem – nos amem – como nós o fazemos. Se sou carinhosa, gosta que me façam carinho. Atenciosa, gosto da atenção do meu parceiro, enfim, damos dicas com nosso...

Frescor

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Terminou de alinhar os botões da camisa devidamente passada. Deu uma última olhada no espelho, ajeitou uns fiozinhos de cabelo loiro que lhe desciam a testa e limpou resquícios de batom no canto da boa. Sem tempo de escolher o perfume do dia, manteve o vidro que já estava na bolsa e saiu apressada, batendo a porta de casa – neste momento lembra o tanto que já brigou por isso: bater a porta, é só ter cuidado e encostá-la. Mas enfim, o fez e não tinha tempo nem de se culpar pelo acontecido… Estava apressada porque não gosta de atrasos. Detestava fazer alguém esperá-la, da mesma forma quando acontecia o contrário. Que falta de compromisso! – pensava. Assim, não queria correr o risco e saiu minutos mais cedo do que havia planejado, mas, ansiosa, ainda esperava não se atrasar. Ligou o som do carro e deixou ali, rodando a playlist da própria rádio, sem muita exigência de ritmos. Gostava mesmo era da companhia das palavras cantadas em melodias… Limpou os óculos e os colocou, dribla...

Ela é nuance

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Apenas abriu lentamente os olhos, ainda com muito sono, tonta de cansaço, noite mal dormida, sabe? Fechou-os. Ficou por ali algum tempo ainda, imóvel, aguardando o próximo estímulo do seu corpo que a ajudaria a levantar e começar o dia… Mas parece que ele era condizente com seu estado de espírito: inércia. Pousou a mão lentamente sobre a cabeça tentando lembra-se dos afazeres do dia, queria permitir-se ficar um pouco mais no aconchego solitários dos lençóis. Não teve outro jeito a não ser realmente despertar. Sentou-se na cama, ajeitou a camiseta amarrotada e saiu da cama com os pés descalços a sentir o chão gelado. Nem se preocupou com o caos do quarto, na verdade não o notava, confundia-o com o interno, se acostumou com a bagunça mental tanto quanto a que lhe rodeava o dia, em casa mesmo. Não era essa desordem que impediria de organizar seu dia nem suas atividades… Tomou o café, gelado, estava desde a noite anterior no fogão; não conteve a careta, engoliu ainda assim e s...

Completude

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Eu ficava simplesmente impressionada com a fala mansa dele. E não era só isso que me deixava ainda mais atenta, o tom do voz não se alterava , era tranquilo, pacífico, bem condizente com a personalidade dele; não se irritava facilmente, nem dificilmente na verdade. O mais complicado dos problemas era motivo para se superar e não descabelar como a histérica aqui. Deve ser por isso que essa fala mansa me acalmava ao mesmo tempo em que eu a desejava como qualidade minha, e desejava ansiosamente, típico da minha personalidade. Quem disse que gosto de me desesperar diante de qualquer infortúnio? O ‘qualquer’ era dele, claro, sempre diminuindo o que eu achava exageradamente ‘grande’. Mas, ainda ficava atenta pois insisto: não é só a mansidão da voz, mas sua expressão… Não havia marcas na testa, sabe? Aquelas que insistem em aparecer quando algo nos gera preocupação ou mesmo dúvida, seus ombros se mantinham alinhados mesmo com tanto peso sobre eles, sua boca mantinha-se num sorriso con...

Incomodou-me

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Cheguei, ansiosa pelo que viria a encontrar. Tinha certeza de que o sorriso costumeiro seria meu recepcionista. Não deu outra! Parece que o olhar radiante acompanhado do seu mais largo sorriso se fez ao me receber… Não pense você que estou sendo vaidosa a ponto de achar que era especificamente pela minha chegada, não! É ela, é dela, energia que emana! Além da imensa afabilidade não pude deixar de notar que, mesmo em casa, calçava um belo salto com fitas douradas, vestido colorido de mangas compridas e uma maquiagem que me fez desejar passar tempo no espelho a copiar. Seus cabelos presos num coque desalinhado mostravam os cuidados recentes que teve ao clarear algumas mechas… e que ficaram ótimas, inclusive. Eu falei! Estava ali para tratar de negócios, mas com ela o abraço sempre nos traz lembranças desta velha amizade que perdura, e que não enjoa e que se sustenta. Recíproca, claro, mas ela… ela sempre me puxou para junto de si. Me lembrando de que ali estava e ficaria até e...

Algo sobre o que somos

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Despertei vagarosamente; e ainda com os olhos fechados continuei deitada na cama com uma tremenda preguiça. Tentei lembrar sobre a noite passada. Sei que algo aconteceu, não era hábito ficar deitada até tarde na cama, mas, custava até a me localizar direito, na verdade não fazia ideia de onde estava. A maciez do lençol não era conhecida. Passei a mão levemente no colchão tentando achar alguma prova do acontecimento passado. Não ousava abrir os olhos, procurei os outros sentidos mesmo! Os lençóis ainda quentes me deram a entender que não era apenas o calor do meu próprio corpo que se instalara ali. Um sorriso de canto de boca se fez e me inundei de uma esperança boba, pensando e aguardando seu retorno ao quarto. Logo me questionei sobre a sua presença, realmente não reconheci o aconchego do quarto. Era para ter me acostumado com a quina da mesa de canto encostando nos meus pés, ou à cortina que me mexia a cada leve brisa que entrava e me arrepiava o braço, ou ainda ao ventila...

Entre tantos minutos escolhi o melhor

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Já chegava a hora. Eu sentia o clima diferente, sentia dentro de mim sem ter como explicar, mas sabia que era hora. Só enfiei o pé dentro do tênis já surrado, sujo, merecedor de um belo banho, e extremamente confortável e prático; saí em disparada ao portão. Nem ouvi quando a histeria de minha mãe passou daquela cabeça doida dela e chegou (ou tentou chegar) aos meus ouvidos já dispersos , meus sentidos estavam focados é no horário, no tempo. Ai, portão trancado. Volto dentro de casa para pegar a chave e ela continua a gritar, agora já com as mãos na cintura, secando-as no avental que achava dar-lhe um ar de dona de casa prendada, esperando talvez que eu entendesse a gravidade da situação e parasse para acudi-la. Sem chance mãe, está na hora. Abro o portão e nem me dou ao trabalho de tirar a chave do miolo e guardá-la no porta chaves. E ainda correr o risco de ficar surda (minha mãe). Já já volto e levo-a ao lugar novamente, espere só um minuto, já está chegando a hora. C...

Uma conversa, dia desses

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Olá, Há tanto que eu gostaria de dividir com você, mas, já percebi que não gosta muito de conversar, ainda mais quando envolve assuntos relacionados ao nosso namoro/casamento/sei lá o que é. Não insisto mais por não querer lhe chatear ou discutir, mas há tanto a ser dito. Além disso, vejo que minhas opiniões lhe incomodam, desta forma também prefiro mantê-las comigo, e ainda continuo a pensar que há tanto a ser dito… E vivido, o mais importante, eu sei! Mas travo com alguma ‘não solução’, alguma pendência que ficou e me consome toda a alegria e vontade de estar com você. Eu pensei que dividíamos muito mais que a cama ou as contas da casa; achei que dividíamos a vida! Sinto, ultimamente que estamos mais individuais. Entendo que não é ruim em sua totalidade, até porque temos nossa individualidade mesmo e é importante a mantermos, mas temos que saber lidar com isso para que não nos afaste muito a ponto de não conseguirmos voltar… Há tanto a dizer, mais como uma maneira ...

Deixe-me ser

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Sentada numa poltrona de lugar único, respondia as perguntas de maneira desconfortável. Não só pela obrigação em responder ao demorado e insignificante questionamento, mas porque aquele lugar não me deixava à vontade. Na verdade não era obrigada a responder, necessariamente; mas a partir do momento em que aceitei a fazer a tal entrevista me comprometi em esclarecer algumas coisas, mesmo que me deixassem entediada… se bem que acho minha vida um tremendo tédio mesmo. Não sei o motivo que leva as pessoas a lerem o que escrevo, não tenho nada a dizer que acrescente… só relato o que vejo, o que sinto, quer coisa mais egoísta que textos meus?! Enfim, estava ali diante do entrevistador. Confesso que não facilitei, monossilábica! Nem parecia a mesmo que desenhava letras em sequencia num papel e montava extensos textos. A de se lidar comigo assim mesmo, como sou. Para não demonstrar toda essa minha simplicidade baixava o olhar, quem sabe assim não passo um ar de mistério, estranheza ...

Be nice! Não é uma sugestão, é uma necessidade

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Há situações em nossas vidas que nunca pensamos a respeito, pelo simples fato de não ter relevância; ainda. Coisas bobas, às vezes pequenas, clichês até, me arrisco em dizer, e que em algum momento serão de tamanha importância que não acreditaremos que foram deixadas de lado… Como exemplo: só saberemos das necessidades básicas de um ser humano quando tivermos consciência de que falta a um de nossos filhos e pode ser falta emocional também. Ou, mais trivial ainda (para não usar clichê novamente), só sentiremos falta de um abraço quando não o tivermos mais. Há exceções, claro. Pessoas mais esclarecidas, porém, muitos de nós não enxerga que essas pequenas coisas juntas são mais valiosas do que outras que parecem importantes mas são extremamente vazias. Hoje tenho pessoas queridas distantes. Este foi o start para eu rever minhas diretrizes e notar a vida alheia, que de alheia não tem nada uma vez que vivemos em sociedade e meus filhos compartilham desse modo de vida. Há de s...

Sem bagunça, por favor!

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Sentei no banco do carro e, como de costume, liguei o rádio após me arrumar para dirigir. Coloquei o cinto, ajeitei o banco – casa com dois motoristas requer ajustes diários – e aumentei o volume. Especialmente hoje o fiz para espantar os pensamentos sobre a noite passada que permaneciam a me ensurdecer. Quem sabe com as músicas as ideias se calariam e a calmaria me acolheria pelo menos enquanto buscava meu caminho, literalmente. É claro, não podia ser diferente, que meus pensamentos eram sobre nós, eu e você, que na verdade acho que sou mais eu me preocupando e você apenas fazendo o que bem quer… Lembrei que ainda ontem, fiquei sentada nos degraus da varanda, acompanhando o esconder do sol, a entrada das luzes naturais da noite e o esfriar do dia e do meu próprio sentimento. Até que me convenci de que não viria mais ao meu encontro, pelo menos não hoje. Eu já sabia, mas, esperava outro fim para isso. Há algum tempo, acho que já lhe disse inclusive, um amigo me falou que not...

Sense

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Estava tão acostumada com a monotonia dos amores normais que me surpreendi quando notei que as sensações tinham se expandido imensuravelmente. Eu, que só tinha delírios a oferecer, passei a ter e transbordar uma completude essencial para meu novo ‘eu’, como se naturalmente construísse uma personalidade nova, mas interligada necessariamente a você. Sim, me percebi através de você. Sensorial. Como as sensações estavam confusas. De uma maneira muito boa, claro. Conseguia sentir em meus lábios o sabor suave do seu cheiro, enxergava nitidamente a maciez da sua pele como uma aura tocável. Se me distraio, volto à orbita ao escutar a sua melancolia, sem ao menos dizer nada, me pedindo socorro, mudo. Foi tão gradativo que nem percebi que acontecia. Se eu falar que foi de forma mágica vai dizer que é clichê? Mas não me perdoaria se não descrevesse assim: magicamente belo, encontro de personalidades pertencentes…. Eu nem relutava mais, deixava o som da sua inquietude me levar, ...

Precisava escrever

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Após tanto tempo sem conseguir expressar meus sentimentos, sem buscar uma fuga para minhas lutas diárias, me convenci de que precisava escrever. E não é apenas uma sequencia de palavras que até podem ter coesão, ou fazer algum sentido mesmo que desconexo, ou ainda dizer algo a alguém. Precisava ter sentido para mim, mostrar que ainda vivo, que tenho dentro de mim uma vontade de troca que grita e que precisa quebrar este silêncio que chegou e não quis mais partir. É inevitável umas férias de nós mesmos. Eu acredito que cada um tem seus momentos de meditação. O meu se prolongou e fez uma estadia teimosa. Pensando bem, este longo tempo afastada das palavras (e aqui confesso que não só da escrita como da leitura, um dos meus maiores amores e orgulhos) me fez enxergar a importância que elas têm e o efeito positivo da minha prática. Eu esqueci-me que pelo prazer de escrever eu consigo parar para me entender e escrever sobre isso; que observo melhor o que acontece ao meu redor, com...

Azuis

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Eu tinha prometido dar a ela um isqueiro azul. Para combinar com o cinto cheio de brilhos que ela usou naquele mesmo dia, dia da promessa. Entre conversas gratuitas e descontraídas fazemos promessas que, facilmente, se desfazem sozinhas com o tempo… como folha que a brisa leva sem muito esforço. Mas esta eu queria manter. Era tão simples, um mimo apenas, para atender a um capricho. Um isqueiro azul! E ela nem fumava… Ver o contraste da chama com a tonalidade mais clara do anil a distraíam; distanciavam do mundo que ela mesma já não entendia como seu. Era natural dela e eu entendo, gosto de vê-la apreciando o que é dela; e somente dela. Não era aleatoriamente que usava o belo cinto. Escolhera por algum motivo… o azul que tornava o objeto tão especial também tinha o intuito de acalmá-la… Mas não via isso como vantagem… Nos momentos de maior adrenalina era quando eu mais gostava de observá-la. A palpitação no peito e a loucura, que transparecia em seus olhos, me tocavam de form...

Sinais de vida

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Ela fechou os olhos, finalmente. Com ar cansado, deu apenas um curto e profundo suspiro e deixou-se cair sob os lençóis delicadamente escolhidos para aquele momento. Tinham um cheiro doce, bem como gosta dos seus perfumes, isso a fazia lembrar dos belos momentos que estava prestes a perder, por capricho… Tentou limpar a mente; os pensamentos frenéticos tomaram um ritmo mais ameno, e continuou com os pequeninos olhos fechados, desta vez com a ajuda das mãos que apertavam o rosto, quase como se quisesse esconder-se de si mesma. Envergonhada, ainda com seus dedos sob os olhos, chorou baixinho, bem baixinho. Num silêncio notavelmente impossível, pegou o travesseiro, na cegueira que se fazia, e o acomodou abaixo do ventre. Agora, aconchegante, abaixou uma das mãos a acariciou a barriga. A quentura da mão foi de encontro com a pele sensível e a fez remexer na cama. Ainda com os olhos fechado, sentiu escorrer a primeira lágrima em seu rosto, desceu quente também… Chegou ao cant...