Completude

Eu ficava simplesmente impressionada com a fala mansa dele. E não era só isso que me deixava ainda mais atenta, o tom do voz não se alterava , era tranquilo, pacífico, bem condizente com a personalidade dele; não se irritava facilmente, nem dificilmente na verdade. O mais complicado dos problemas era motivo para se superar e não descabelar como a histérica aqui. Deve ser por isso que essa fala mansa me acalmava ao mesmo tempo em que eu a desejava como qualidade minha, e desejava ansiosamente, típico da minha personalidade.

Quem disse que gosto de me desesperar diante de qualquer infortúnio? O ‘qualquer’ era dele, claro, sempre diminuindo o que eu achava exageradamente ‘grande’. Mas, ainda ficava atenta pois insisto: não é só a mansidão da voz, mas sua expressão… Não havia marcas na testa, sabe? Aquelas que insistem em aparecer quando algo nos gera preocupação ou mesmo dúvida, seus ombros se mantinham alinhados mesmo com tanto peso sobre eles, sua boca mantinha-se num sorriso constante e por trás dele a sinceridade de quem realmente sentia-se feliz em situações mais adversas.

Acho que ele nem me via a notá-lo. Tinha virado meu mais novo vício: descobrir que ‘raio’ de mansuetude era aquela. Podia passar horas a olhar sua expressão suave. Tirou-me dos devaneios a respeito desta brandura ao me perguntar ‘O que olhas tanto? Estás aflita com algo que disse?’. Levitei! Nem respondi, apenas me deixei levar pela melodia suave de sua voz a me levar a qualquer lugar em que eu encontrasse essa serenidade.

De certa forma o fez, me envolveu em sua vida, calmamente… Fiquei irritada, confesso. Nosso primeiro beijo foi após várias músicas, o segundo encontro só aconteceu por inquietude minha e o namoro…. ah, o namoro, apenas foi acontecendo com a tranquilidade que lhe é típica. E me envolvi, mas não me contaminou, ruim ou bom? Não consigo decidir. Desejo desesperadamente a serenidade dele, mas não sei onde colocaria esta tempestuosidade que nos move e me guia e me faz acordar para vê-lo naquela calmaria…

Completamo-nos? Acho que sim. O alvoroço que causo vai de encontro com a serenidade dele que nos acolhe; e nos mistura. Uma mistura boa, dá samba, sambinha suave e ritmado… aquele que nos aproximou desde o primeiro encontro.

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