Você vai e eu lhe espero
Não é a primeira vez que vejo você saindo pela porta de casa para encontrar com ela. Sempre as mesmas coisas: assuntos que permanecem inacabados, resoluções de pendências urgentes, dúvidas quanto ao destino daquele que é comum à vocês… Isso pra mim soa apenas como algo que sempre ‘é’; nunca deixou de ser.
É simplesmente dolorido vê-lo chegando já sabendo que a partida será em breve, e que outra terá o prazer de passar momentos com você… e que eram para ser exclusivamente meus. Sinto-me roubada. Principalmente quando me é prometido um ‘presente’ e um ‘futuro’ que não sinto serem meus ainda. É sempre o ‘passado’ lhe chamando! Entre e fecha a porta; simples assim! Pelo menos eu gostaria que fosse.
Você custa a entender o tamanho do meu incômodo com tudo isso. Mas é fácil pra você, já que é parte atuante da problemática. Eu sou mera espectadora… de cenas que envolvem minha vida, meus sentimentos… e a pessoa que amo. Aí me pergunto o quão dúbio pode ser o amor. Sim, dúbio! Eu o amo, indiscutivelmente, mas detesto sua maneira de agir passivamente quando o assunto é ela. Afinal, que papel desempenho na sua vida?
Só queria deixar toda essa tensão e viver a delícia de nos sentirmos entregues, íntimos, únicos um para com o outro. Queria sentir, sem preocupação, que a noite é apenas nossa; queria ter a certeza de que seu telefone não irá tocar e lhe tirar dos meus braços instantaneamente.
Engraçada essa situação, pois mostra a irreverência que a melancolia poderia ter: sinto-me triste quando aparece, isso porque já sei que estará de partida logo, e por motivos dificilmente justificáveis para mim.
Pode ser que eu tenha apenas que ser humilde diante do destino e encarar que essa é a nossa realidade. Mas acredito que sou petulante demais para achar que essa situação caiba em minha vida. Entenda; é mais que claro que sei do seu passado e o aceito… lá, onde deveria estar.
Sabe o que é mais irônico nessa história toda? É que vendo essa situação, dá a impressão de que compartilho sua presença e sentimento como se cometêssemos um adultério; quando na verdade EU sou a atual, a única. Ela é apenas seu passado; insistente…
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