Como você gosta?

Parece uma pergunta bem fácil de responder. Na verdade, é. Se eu pergunto como você gosta do seu ovo: frito, cozido ou mexido? Como gosta do seu arroz: soltinho ou ‘empapado’? Acho que são questões que conseguimos responder sem muita dificuldade… a resposta é mais fácil com um parâmetro e são situações em que a decisão é sobre algo palpável.

Agora, se formos mais profundos, se eu pergunto como você gosta que lhe amem? Entendendo aqui o amor como uma necessidade. ‘Ai, gosto que me amem profundamente’ – linda resposta né? Quase que unânime. Mas pense bem, não diz nada isso. Profundamente… uma piscina com dois metros de profundidade tem um efeito para mim, mas para uma criança tem outro…

O que quero dizer é que não é uma resposta de mão única, mesmo sendo questionada a maneira como VOCÊ gosta. Geralmente gostamos que nos tratem – nos amem – como nós o fazemos. Se sou carinhosa, gosta que me façam carinho. Atenciosa, gosto da atenção do meu parceiro, enfim, damos dicas com nosso comportamento para entenderam como gostaríamos de nos sentir amados. Mas, vamos além… já pensou em responder esta questão analisando que qualquer relacionamento (homem-mulher, pai-filho, irmãos) são duas pessoas ou mais? Então, não acha que deveríamos pensar nesta reposta pensando em mais componentes?

Dou-lhe outro exemplo: eu detesto passar roupas, acho que trauma do meu casamento passado, era literalmente obrigada a passar roupas. Porém, como forma de demonstrar cuidado o faço para meu marido. Se perguntar a ele dirá que tanto faz eu passar ou não, sem entender o sentimento que tem por trás disso. Veja, minha forma de amar é cuidando dele. Aqui já poderíamos ter uma situação de estresse se não soubermos conduzir essas maneiras diferentes de ‘amar’.

Ele, por sua vez, cuida de mim deixando-me respirar quando tenho um problema, me deixa quieta… Para mim seria melhor que ele conversasse comigo ou só me desse ‘colo’. Aqui, sem entendimento, seria outra situação de conflito… entramos em conflito porque esquecemos que cada um tem um limite e uma maneira de ver as coisas, de sentir, de gostar.

Veja bem, não quero dizer aqui que tem que aceitar tudo sem priorizar a maneira como você quer. Só acho que podemos refletir acerca da completude do amor, da imensidão que é quando realmente nos permitimos ver a quantidade de gente que nos ama e não sabemos identificar. Devemos saber como gostamos que nos amem, ter parâmetros nos ajuda a entender a nós mesmos, mas não limitar nossos prazeres e bem-estares. Sem contar que deixamos de sofrer por desentendimentos que poderiam ser evitados com essa reflexão.

Ficamos limitados em ver só que aceitamos como ‘modo certo de amar’. Há pessoas que acham que receber flores é a maior demonstração de romantismo, de amor; outras acreditam que um CD de sua banda favorita basta, ou ainda que apenas almoçar juntos num dia corrido é o que há! Gente! Há tantas cores, tantos sabores, tantas sensações, e tantos ‘quereres’. Recebamos tudo isso, nos proporcionemos a vida, o amor. Eu sei de como gosto, hoje: frito, cozido e mexido.

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