Sentindo
Ainda que nestes dias o sol apareça sinto um ventinho leve, que me fez querer pegar a blusa que você jurou que não iria usar. Além da blusa, providencio uma xícara de café, minha companheira... principalmente quando o tempo teima em passar sem me dar motivo algum para aproveitá-lo. Acho que é isso que pensamos num momento de tédio, deve ser isso apenas.
E é nesses momentos também que nos pegamos a refletir sobre bobagens. Como a que me disse ontem sem nem perceber o quanto me atingiu. Era uma conversa distraída, sem segundas intenções mas bateu fundo. Se bem que atinjo-me fácil fácil, é uma das vertentes de ser tão intensa...
Mas não me culpo, não me mudo, não acho que o resultado do que sinto seja apenas responsabilidade minha... conversa antiga essa, não? Ela se repete porque há muita verdade nela! Simples!
Encho um pouco mais a xícara, vi que as reflexões serão longas e sem a sua companhia... ainda dormindo, parece que nada o atinge, segue a vida sem o menor incômodo. Isso me martiriza ainda mais? O que sinto e o que me importa não deveria fazê-lo refletir pelo menos a ponto de conversar comigo? Seu silencio não me passa a ideia de que está pensando a respeito e sim que é apenas problema meu o que sinto.
Eu sei que muito escutamos muito sobre não exigir nada do outro, ou pelo menos, não esperar nada do outro. Gente, isso realmente funciona? Se estamos num relacionamento não espera NADA do outro? Não sei não, acho isso muita teoria para pouca prática já comprovada. Há um mínimo que se espera de uma relação, esse grau é indefinível, insubstituível e intransferível. Você não pode mensurar o quanto eu tolero e nem o quanto isso deveria afetar-me, acho isso demais de íntimo e pessoal. Por isso não acredito nesses frases feitas e clichês: ‘quem não sabe ser um não consegue viver a dois’. Ai, até dói a cabeça!
A partir do momento que permite se relacionar com outra pessoa as expectativas se iniciam, e se iniciam prontamente. Na primeira troca de olhar o que se espera? Uma aproximação... e depois disso, um beijo? Ouso dizer que sim... E tudo isso não são expectativas? Quando se mora junto, não se espera companheirismo, fidelidade?
Agora, caso alguma coisa aconteça sobre esses atos e expectativas... ainda temos a fase do que fazer a respeito. Que também é extremamente pessoal. A sua reação, com toda certeza, não será como a minha. Então, por que se dispõe a dizer como e o que eu deveria esperar ou fazer?
Bagunçando meus pensamentos, acorda de mansinho e abraça-me por trás. Parece até que adivinhou que estava a mal pensar sobre você. Cheira meus cabelos, aperta seus braços com força acolhendo minha cintura, derruba o restinho de café que tinha na xícara e beija-me sem pudor.
Repentinamente para, mesmo sabendo da minha enorme vontade de continuar. Chega bem perto do meu ouvido, com a intensão de que as palavras entrem sem dificuldades. “Sinto muito, sinto você.” Isso basta para que as reflexões matinais fiquem apenas no campo da reflexão mesmo, rendo-me aos seus encantos e convenço-me a continuar meus pensamentos amanhã... Se eles ainda estiverem ali. Como já bem sabe, sou intensa, vivo a cada sensação profundamente, e agora, que já tomei meu café, sinto você!
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