Beijos que precisamos
Sim, sim, me senti invadida. Não que seja um sentimento negativo, mas, definitivamente, ocupou-me um espaço além do que eu estava disposta a conceder. E não concederia a ninguém na verdade.
Invadiu-me completamente e vou lhe explicar o que isso significa e o que pode nos causar.
Se algum dia eu entendi minha vida sem você, pode ter certeza de que esqueci completamente como foi esse pensamento ou sentimento. Incrível como uma situação totalmente aleatória muda o rumo das coisas. Sabe efeito borboleta? Exatamente isso. O pequeno caos que me causou fez alterar toda a rota dali em diante.
O seu interesse me despertou uma intensidade extrema. Intensidade do que quer que seja. De vontade do novo, de desejo do proibido, de sentimento caótico, de lucidez conveniente. E é aqui que fico na dúvida; na dúvida de como sabia... como sabia que, para mim, o desinteresse é profundamente chato e blasé? Ele me é definitivo, de certa forma.
Não quero parecer mundana, como podem dizer as más línguas ou pensar as cabeças mais julgadoras, entretanto, o fascínio oculto, íntimo, beirando um inconfessado, é muito eficaz. Nota-se na resposta imediata que meu próprio corpo lhe concede. E seus questionamentos são perspicazes.
Já entende o motivo pelo qual senti-me invadida? Sem ter nada palpável, até então, sendo apenas sensações, deslumbres de algo efêmero, me vi acreditando ferozmente. A crença, convenientemente, transforma aquilo que não é (ainda) em algo existente. Mesmo que seja uma criação apaixonadamente falsa.
E, sinceramente, não me importo muito com o que isso seja ou deixa de ser. Contrariando ao meu mais pessoal mandamento (algo sobre controle da situação e certeza dos resultados possíveis) prefiro nem saber, não ter controle é a minha mais pura entrega. Logo eu!
Já entende o motivo pelo qual senti-me invadida? Conseguiu acessar lugares e sensações que eu não estava disposta a permitir. E não como um controle emocional, quanta bobagem! Mas pelo simples fato de que só descobri tudo isso com você. O acesso estava restrito à sua existência e que ela estivesse ligada diretamente a mim.
Sinto como se estivesse numa viagem misteriosa, cheia de descobertas e, deliciosamente desfruto de cada passagem que ela pode nos proporcionar.
Mas, aqui chega-se num destino. Há sempre um destino, não? Um dia teremos que soltar as mãos, desenlaçar esse abraço tão pouco significativo e esquecer que um dia trocamos olhares dispersos e pretensiosos. E os desejos de que essas memórias desapareçam são mais fortes do que os desejos de permanecer nessa invasão sem limite.
Impossível, sei. Mas poupo-me do trabalho de explicar a mim mesmo que o descobrimento de novas situações não precisa necessariamente fixá-las como uma rotina. O suspiro pode acontecer ocasionalmente. Como Jeanne e Baudelaire. Péssimo exemplo! Confessaram e assumiram tempos depois.
De qualquer forma, invadiu-me. Permissivamente. E o que isso pode nos causar hoje? A mim, conhecimento de causa. (Pausa para risos internos de alguém que pode parecer pretensiosa e que só é realmente sincera). Pois sim, sei a potência do meu ser. E a você, acredita que seja só mais uma troca de lençol que acontece todas as quartas. Só acredita.
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