Mais um fim
Tentei focar no que dizia, escutar apenas o som da sua voz, mas parecia tão baixinha em relação a tudo que estava acontecendo, inclusive o caos dentro de mim.
Enquanto ousava falar insistentemente, ainda que percebendo meu imenso desinteresse, fiquei a lembrar das noites que era apenas isso que eu queria ouvir: o som da sua voz. Noites distantes, que passávamos a conversar banalidades, fragilidades, intimidades... coisas assim. Lembra?
Horas que passavam sem nem ao menos percebermos. O que mudou? A inquietude em seu olhar tomou força, o sorriso ficou forçado e a voz... ah, esta perdeu realmente a veludez.
Não era mais você meu destino esperado ao fim do dia. Mas, o que me doía mais era saber que eu também não era o seu. Hipócrita, não? Egocêntrico, talvez...
O que quero dizer que é não somos mais. O plural me confortava; ser parte de uma relação de certa forma me definia. Ser motivo de um palpitar mais forte fazia com que meu compasso também seguisse o mesmo ritmo.
Sem preocupar-me em parecer clichê, digo em verdade que o sentimento me move, e você era uma completude que achei ser definitiva.
Enfim, o fim. E, agora, ainda a escutar esse ruído ao telefone, me fez querer ainda mais lavar-me nessa chuva primaveril... lavar a alma e deixar escorrer quaisquer resquícios de você.
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