E se pudesse ter outra vida nesta vida?
Como você aproveitaria se tivesse a oportunidade de começar do zero? Sim, se pudesse simplesmente partir e recomeçar a vida num outro lugar, totalmente diferente e distante, conseguiria aproveitar?
Já imaginou ir para um país, cidade que seja, desconhecida. Um lugar em que não conheça ninguém, iniciaria uma vida ali. Poderia descobrir, por exemplo, se realmente os perfumes mais docinhos são os seus preferidos, poderia passar a criar uma identidade com os amadeirados.
Descobriria se é uma pessoa matinal, que acorda cedo, que gosta de café logo nas primeiras horas da manhã e inicia as atividades no amanhecer do dia, ou se prefere a baixa luz da noite, gosta de ver apenas os brilhos das estrelas e trabalha melhor sozinha com apenas o luar como companhia.
Teria a experiência de vivenciar outras estações do ano e entenderia que é mais primaveril do que invernal. As cores lhe fariam melhor do que o dia cinzento que o inverno nos faz viver.
Não teria que se explicar a mais ninguém, não precisaria satisfazer as expectativas daqueles que já a conhecem e esperam sua conquista pré-determinada. Poderia fazer tentativas aleatórias: abriria uma pastelaria e apostaria numa empresa de confecção de pratos artesanais. Poderia trabalhar apenas meio período e viver os finais de semana a executar as entregas. Ou não!
Descobriria que prefere os intelectuais e não aqueles que pensam somente na beleza, ou que gosta dos mais fitness e não dos que são relaxados com o corpo. Na verdade, quem se importaria com isso quando poderia apenas descobrir o amor em qualquer porta dos novos vizinhos!
Faria uma nova playlist sem a mínima lógica. Poderia apenas dançar conforme a música vai tocando, desconexa, leve e sem a mínima intenção de ser compreendida, apenas o instrumental já bastaria...
Poderia cortar o cabelo e pintá-lo de azul ou deixar que as madeixas brancas começassem a aparecer sem a preocupação de parecer que a idade está chegando.
Entenderia que passar horas esperando o metrô não faria mal algum enquanto lê as últimas páginas do livro que há anos queria ler mas ‘não fazia parte da leitura usual’.
Veria que prefere o desconforto (que pensava ser) de uma rede na varanda do que uma cama cheia de travesseiros macios a seu dispor.
Passaria a preferir um pão com manteiga e café puro a uma mesa cheia de quitutes que mal tocaria para o desjejum.
Entenderia definitivamente que a maioria das pessoas precisa da materialidade das coisas a apenas refletir sobre os sentimentos que elas verdadeiramente nos trazem. O prazer de apenas ser, em sua totalidade, em seu descobrimento mor, em sua integridade de sensações, supera qualquer posse desvalida e sem razão de ser.
Conseguiria refletir sobre tudo isso se pudesse ser de novo e de outra forma ainda nesta vida?
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