Desisti de concordar
Engraçado como minhas bochechas ficam rosadas rapidamente quando bebo. De leve, apenas uma taça de vinho... é suficiente para um blush natural se fazer presente e realmente me envergonhar por tamanha sinceridade... mais engraçado ainda é o fato de que notou isso em nosso primeiro encontro! Não só notou como diz ser uma das minhas ‘curiosidades’ mais apaixonantes...
Era bom quando notava essas coisas. Acho que éramos notáveis há época, agora os dias passam e vemos apenas o sol se pôr sem nos deliciarmos em sua graça, atentamos para o anoitecer apenas por medida de segurança: fecharmos as portas de casa. Quando foi que perdemos o encanto juvenil? O frescor de um novo sentimento a surgir? O frio na barriga tão clichê, mas tão verdadeiro?
Esses pensamentos surgem nos mais estranhos momentos... e me pegam de jeito. Não há como explicar o distanciamento que criamos entre nós... simplesmente surgiu e deixamos ele deitasse na cama, justamente entre nós. Como se ele se encaixasse no espaço frio que ficava ali entre sua perna e minha cintura.
Ao invés deles me invadirem como uma onda arrastando tudo numa catástrofe sem fim, recuso-me, internamente, a concordar com isso. Como uma advogada fictícia argumento a nosso favor, defendendo o que construímos até aqui como um patrimônio impagável: nós! Usar o termo ‘nós’ foi banalizado e sabemos que não o usávamos à toa. Referíamos a ‘nós’ ao que nos englobava em sentimento, espírito e carne. Sem papel, sem anel... Nós, suficientemente assim!
Por isso procuro nas curvas tão suaves dos seus dedos, no peito tão aconchegante que é o seu, no cheiro tão próprio que vem de você para me fortalecer e me apaixonar de novo! Porque sim, isso depende de mim: fazer-me e deixar-me apaixonar por você. A conquista é dual. E eu já me entreguei antes mesmo de você dar o primeiro passo.
Note que não cobro o mesmo de você, parte de mim a vontade e iniciativa de retomar o que possa ter-se perdido. Isso pela certeza que tenho de que, do seu jeito, também o faz. Mesmo em pequenos gestos eu sinto que você ainda está presente, digo, sem sentimento presente. Pode ser na leitura de uma mensagem que enviei em meio ao seu dia corrido, ou o cuidado deixar tocas as músicas que eu gosto ao invés de passá-las na Playlist, ou mesmo o cuidado desatento em não fazer barulho enquanto durmo uns minutos a mais que você pela manhã.
Justamente por ser tão apaixonada e saber de você que eu desisto de dar espaço a este inverno pelo qual estamos passando. Não há maior combatente que uma colcha quente, os pés juntinhos e um beijo caloroso: armas poderosas. Ah e claro, ao som de Djavan com um bom vinho e minha sinceridade poética estampada no rosar das bochechas.
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