Eu sempre soube que eu escreveria um livro inteiro sobre nós

Eu sempre soube que eu escreveria um livro inteiro sobre nós. Assim, no meu âmago, eu tinha a absoluta certeza de que tudo que o vivenciamos, e ainda vivemos, teria que ser registrado. São situações, maneiras de ver a vida, de sentir a presença do outro, que merecem ser descritos para uma posteridade que às vezes nem saberá sobre sentimentos e sensações.

Eu tinha certeza de que tudo isso viria à tona em palavras, que eu saberia escrever e descrever o que me fez sentir, o que me falou e despertou um mim tantas e tantas reflexões... se cá estou, e está você a ler, minha certeza se concretizou, não?

Não se engane, quando digo que preciso registrar não necessariamente quero confirmar uma linha positiva do que foi. Bem sabemos das tristezas latentes. Digo isso porque, no momento em que tive minha primeira percepção de nós (de nós, realmente. Não do que você dizia que éramos) eu deixei uma lágrima cair. Só uma. E isso porque eu também sabia que logo ela se tornaria riso, o meu riso! Solto e solitário. É como se eu soubesse do inverno presente, do frio que se instala e arrebata o corpo num tremor interno, e isso também significava que a primavera estava logo ali.

Mas como sou um equilíbrio nato, vejo os dois lados, as duas versões de nós e consigo sair disso tudo ainda inteiro. Minha completude é feita disso: relembrar, ressentir e deliciar com tudo como foi, exatamente como foi. Acho que o fato de eu olhar pra você e entendê-la igual... é literalmente uma viagem nos dias idos.

Às vezes eu olho suas fotos, procuro seus textos, escuto seus áudios antigos... Como faz isso? Como ainda é tudo isso pra mim? Você me remete a um tempo que eu gostava do que eu era. Do que eu achava que eu era pra você. 

É inesquecível. É uma coisa única, um charme natural, um jeito cativante, uma presença magnética; e sem esforço algum de ser.

Não consigo dizer que passou em minha vida. Não, definitivamente não foi uma passagem. Prova disso são essas palavras que ainda são proferidas sobre você, tudo sobre você. Sobre seu sorriso irresistível, seu cheiro envolvente, pela forma como me toca sem nem estar por perto. E sabe o que é mais curioso disso? É tão fascinante a maneira como promove tudo isso dando a ideia de que nem percebe o impacto que causa. Como se fosse natural de você, essa energia que emana é sensível e discreta, mas com um impacto tão profundo que esqueço que sou um outro ser e não uma extensão do que te sobra. Não a culpo, não jogo a responsabilidade pela minha insanidade momentânea (e perpétua) em você. Desculpe-me se pareceu isso. Até porque, o que esperar de você, não? É retórica, tá? Nem precisa tentar movimentar a boca numa defesa que, sinceramente nem ouvirei, só presto atenção no movimento que seus belos e úmidos lábios fazem...

Uma coisa é certa nisso tudo, nesse emaranhado: desinteressante nem passa perto do que podemos te descrever. E isso me pega de um jeito! Sou completamente interessado em você. Entende isso? Na extensão imensa que a palavra pode chegar: devotado, arrebatado, entusiasmado, estimulado. Chega a faltar-me ar.

Acreditando nesses sentimentos todos que eu tenho, nas sensações inesquecíveis que me causa, vejo-me apaixonado. Não somente pelo seu ser, mas pelos efeitos que me causa. E acho que por isso acabo criando nossa história. Pela minha paixão, nos crio.

Eu sabia que escreveria um livro inteiro sobre nós, só não imaginava que ele falaria somente sobre você.

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