Não é uma promessa

Não morrerei sem antes dividir a minha vida com você. Não desistirei desta caminhada sem antes conseguir passar mais tempo vivendo contigo. Só sairei deste destino após fazer sua vida encontrar a minha novamente. Farei com que sua presença em alguns anos da minha vida seja uma obrigatoriedade para a minha felicidade plena.

Isso não é uma promessa ingênua, é uma meta. Entendi, depois desse longo tempo separado de você, por razões que nem nós sabemos, que não é o que eu queria, nunca foi. Você sabe bem que sua lembrança me atormenta as noites, me consome os dias, e assim vivo apenas por recordar dos seus poucos beijos que consegui. E foram demasiadamente poucos, com certeza.

Nossos momentos foram insuficientes. Demorei a te entender e depois que eu entendi, percebi que não sabia mais nada era de mim mesmo. 

Eu não sabia que seus olhos eram castanhos até eu chegar perto demais parta notá-los. E isso também me fez perceber o quanto era tarde demais. Não sabia o cheiro de pitanga, fresco, vinha do seu perfume preferido e que o café era parte extensiva da sua personalidade dinâmica. Não tinha notado ainda o tanto que era intensa e o quanto isso era aplicado nas suas relações. Não entendia que sua delicadeza ao andar era apenas parte da elegância nata do seu ser. E era lindo. Uma maestria em conformidade com a melodia que eu criei pra você.

O que eu sabia mesmo era que sua felicidade não cabia dentro de você e isso irradiava somente com o tempo. Deve ser por isso que eu sempre te considerei perigosa para mim. Tenho comigo que pessoas felizes, pessoas que se permitem encontrar com doses de felicidade diárias e simplórias, são pessoas absolutamente perigosas. O são porque em tudo são resilientes, por tudo passam e, o melhor, nem tudo as abalam... 

Bem vi que o meu tremor, meu amor arrebatador por você, não lhe afetou o suficiente para parar o que estava fazendo da vida e me notar.

Você sabia que os sorrisos que eu dava sozinho eram deliberadamente por você, ainda que nem soubesse de mim. Seus encantos chegavam com o balançar dos seus cabelos lisos e longos e castanhos. Era uma magia ingênua, como se, candidamente, deixasse nos rastros do seu caminhar, encantados diversos e totalmente abandonados.

Não julgo sua cegueira sobre a minha existência. Acho até que era essa a dinâmica da nossa mesquinha relação: eu te via e você me deixava te ver. Inalcançável pra mim. Naquela época. 

Hoje lhe digo, com uma pausa profunda, cuidado imenso nas palavras e sinceridade em minhas intenções: me conheça de novo. Hoje tenho outra voz, outro livro favorito, outra música a tocar no meu fone de ouvido. Mesmo filme preferido, confesso, mas só porque ele também é o seu; assim eu espero!

Deixe-me te conhecer de novo. Desta vez, profundamente. Nada de olhares furtivos nem beijos apressados e rasos. Quero-a inteiramente desta vez. Com seu antigo perfume e seu novo sentimento. Com seu sorriso de costume e sua intensa presença, a todo momento.

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