Antítese
Há algum tempo chegou-me uma pessoa e fez a mesma pergunta que você... sobre meus gostos e quereres; e isso me fez refletir.
Acho que com a rotina, com afazeres e, digo mais, com prioridades que damos às vezes a coisas pequenas, esquecemos de lembrar isso sobre nós mesmos: do que gostamos?
Parece que nos perdemos no tempo, no caos do dia a dia! E mesmo que nem tão caótico, nos tira a beleza e importância das coisas e situações que podem nos levar a pequenos sintomas de felicidade.
Por isso refleti sobre essas coisas e me acho sim com gosto peculiar. Penso isso porque sou, de certa forma, exceção quando me comparo - com mulheres na minha idade, ou situação, ou mulheres... que seja.
Sou de fácil lida (e sem piadinhas, acho que isso me faz diferente de muitas com as quais já troquei ideia). Manutenção comigo é simplória. Nada imenso nem extraordinário. Sabe o clichê: o básico bem feito. Isso se dá em diversas situações: sou de fácil agrado com comida, com filme, com presentes, com graça...
Intensidade e intenção são bem pesados no meu conceito. Se não entendeu, leia de novo e reflita desta vez!
Choro sem motivo, rio para tudo, tenho apreço pelo colorido e me deixo levar às gargalhadas por piadas quase que sem graça.
Gosto de apenas uma rosa no ramalhete, sem necessidade do buquê inteiro. Bolo recheado com frutas para não ser doce demais: minha personalidade já tem a doçura suficiente em minha vida.
Prefiro o calor ao frio. Calor no clima, na vida, nos encontros. Frio aproxima os corpos mas nem sempre isso nos leva a outros lugares a não ser um belo abraço caloroso. Ademais, o frio é muito cinza.
A antítese finesse / tatuagem não se aplica a mim! Sou extremamente polida e inteiramente desenhada, ou melhor, para complementar o que deve ter imaginado: tenho o corpo coberto por tatuagens lindamente desenhadas e escolhidas por fazerem parte - todas - de um pedacinho de histórias minhas. No meu caso elas não anulam a elegância que carrego.
Minhas palavras, ditas ou escritas, são sempre muito bem pensadas. Muito bem pensadas e colocadas. Isso porque para mim as palavras têm realmente significados e pesos reais. Na verdade, isso é um fato! As pessoas é que desconhecem isso como um poder: o da palavra é imenso. Como sei que consigo colocá-las realmente dentro dos seus significados e fazê-las transmitir as sensações devidas, acho que me torno excepcional... e as tenho como aliadas, portanto.
A leitura não é um hobby, é um estilo de vida. Então o livro estará comigo sempre. E, aqui uma curiosidade realmente minha: o que eu leio fica entre mim, o livro e apenas o tempo que tive de leitura. O livro me dura apenas pelo tempo em que o li. Eu esqueço totalmente a história que estava ali, muito difícil conseguir reproduzir o enredo de um livro... o que eu consigo é lhe passar as sensações que ele me deu durante a leitura, justamente porque é o que me importa.
Não me desfaço de nada tão rapidamente quanto eu gostaria ou deveria. Não é apego, na verdade. É que vivo uma história com minhas escolhas, sendo ela pessoas, coisas ou situações, então me conecto e vivo aquilo com gosto. Acho que disso sai o fato que eu também prefiro a constância... mudanças demais me desorganizam a cabeça. Gosto de conhecer o novo, mas admiti-lo como participante na minha ordem já estabelecida pode demorar um tempo.
Pode ser daí a ideia de que librianos são indecisos. Pois sim, impossível não ter entendido, por tudo que falei, que sou uma libriana! Mas indecisa não. Saber o que se quer é uma coisa, ponderar com afinco não pode ser deduzido como indecisão.
Sou fiel às pessoas e compromissos que fiz, mas sou extremamente leal aos meus sentimentos. Por isso, acredito, que não carrego culpa de decisões já tomadas.
Alguns pontos podem parecer opostos na minha personalidade, mas a graça está em ser tudo que se quer mesmo. Uma versão não anula a outra. Elas se complementam e aparecem quando a necessidade de ser as chama... O importante é que me reconheço.
Comentários
Postar um comentário