Crônica para um novo ciclo

Hoje. Comemoro o dia de hoje mais intensamente do que os outros dias. Não meço palavras nem sou tímida em publicações a espalhar que hoje encerra-se um ciclo em minha vida e, com total certeza, inicia-se outro.

O melhor de enxergar isso - de saber que é também início - é poder aproveitar os instantes. Aproveitar todas as bênçãos que recebo, energia que emanam e felicitações sinceras que me chegam.

Independentemente  do número que completo hoje, mais do que entender o tempo que passou, me dou de presente a consciência do que me tornei. A lucidez de uma vida que, estando acompanhada ou sozinha, sei por mim mesma como foi. Em alguns momentos dessa jornada sofri por não entender minha personalidade, envergonhei-me  por decisões mal tomadas e perdi a noção de que o tempo passa, realmente! E não voltam mais os segundos gastos de forma efêmera.

Por isso, dou-me de presente lembretes do que quero continuar comigo neste novo começo:

Há pessoas que irei conhecer e me permito ser eu mesma, só dessa forma conseguirei extrair o melhor da relação. O peso de me aceitar ou não já não será mais meu, e sim do outro que irá me julgar da maneira que bem entender, não controlo o que o outro pensa. Meu objetivo é ser eu mesma, pesada ou leve, rasa ou intensa, recíproca ou distante.

Meu sorriso vai iluminar a vida de muitas pessoas, e afugentar outras. Mas não deixarei de tê-lo, é minha maior arma e escudo nessa vida.

Meu vocabulário rebuscado e minha educação fluida podem confundir os outros. Deleito-me ainda assim, acho lindo um ponto de luz que se destaca apenas por ser luz!

Estar só não amplia o meu ser para uma solidão desnecessária. Sou somente eu, e por mim caminho, os que me chegam somam meu aprendizado e não o pesam com uma obrigatoriedade.

Lembro a mim mesma que toda música boa que tocar, e me tocar mais profundamente, merece ser cantada em voz alta. Os ventos levam para um destino maior nossos cantares mais fervorosos.

Friso que todas as notas que tenham uma melodia cadenciada também têm seus passos a combinar. Alegro-me com o mexer dos quadris e que isso não pare com o passar dos anos.

Cada livro tem uma história a contar mas se não tiver alguém que coloque em palavras, pontos e acentos, não terá seu valor registrado para outros que virão. Continuar escrevendo é garantir que os próximos conseguirão identificar sensações, saber do que passou e projetar futuros mais intensos.

É muito importante ter em mente que ontem eu não sabia, na consciência de uma vida sendo vivida, o que sei hoje. E isso faz total diferença na cobrança que posso ter sobre meus atos.

Por isso eu me perdoo por meus enganos, me perdoo pelos abraços não dados por melindres, conversas difíceis que pesei por não ter quisto resolver e sim complicar, por olhares maldados por julgamentos inapropriados, por palavras ditas como desaforos e não amorosamente bem colocadas como possíveis conselhos. 

E, me perdoo, principalmente e especialmente, por ter complicado a vida. É tudo tão ingenuamente simples que chega a ser improvável... Sente saudade? Ligue. Quer encontrar? Convide. Tem dúvidas? Pergunte direto à fonte. Quer um abraço? Tenha atitude e procure abraçar. Ama alguém? Diga, faça-o saber. Quer sentir a felicidade mais leve? Sorria sem peso de vergonha. Quer ser compreendido? Se explique. Não faz diferença que te entendam? Então apenas viva. Só não complique.

“Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la” – Clarice Lispector.

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