Eu não consigo te ler
Não entendo! Consegue me tirar um sorriso fácil somente ao prestar atenção no que falo, olhando fixamente para mim, como se nada mais estivesse ao redor. Conversa comigo por tempos sem fim, com o magnetismo de um amante que quer ainda mais estar perto. Toca-me sem ‘querer’, deixa seus dedos desenharem em meu braço símbolos aleatórios só pelo prazer do toque frugal. E por outro lado, some por dias! Como se falta alguma eu fizesse.
Como pode cheirar-me o pescoço, sentindo o dulçor do perfume que passei especialmente para ir ao seu encontro, abraçar-me como única e deixar que eu passe horas sem que me envie um desejo de ‘bom dia’.
Me entrelaça em seus braços depois de um êxtase sem igual, somente ali, a sentir o acalmar dos corpos, juntos. Acarinhando meus cabelos lisos, escorridos sob seu peito, me fazendo adormecer sem preocupar com o que minha falta pode fazer e, ainda assim consegue deixar que eu passe as noites seguintes sem notícias de nós!
Se coloca entre meu maior desejo e meu medo mais latente e se isenta sem a menor desculpa como argumento frágil.
Não consigo saber se faz-me de maior conquista ou me conquista mais profundamente.
Não conseguir te ler me tira do controle, deixa em suas mãos o poder de nortear este caminho que eu nem queria trilhar, inicialmente.
E é aqui que eu paro de tentar te ler e faço da minha escrita meu próprio destino. Virão outros dias, virão outros momentos e é isso que serão. Pontuais.
Há quem diga que esta é uma das formas mais autênticas de relação: a liberdade de ser o que se é e quer, naquele momento e encontro específicos. Sem peso de responsabilidades nem de papéis.
O problema é que sou inteira, intensa e integralmente entregue às sensações mais do que às pessoas. Minha fidelidade é com o que eu sinto. E aqui, sinto muito! Sou de mim mesma e eu me declaro oficialmente liberta, independente do que isso signifique para você.
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