Esbarramos ali, num boteco qualquer

Acho que você já deve ter ouvido falar, em conversas aleatórias, ou mesmo lido em algum lugar explicando como o encontro entre pessoas acontece; mas vou repetir, ou melhor, vou lhe escrever aqui e com certeza vai soar diferente desta vez: há pessoas que a gente encontra, e há pessoas que a gente esbarra por aí.

É uma diferença enorme no sentido, no sentir. Mas, a gente, ah!, a gente se esbarrou. E isso não fez a menor diferença na intensidade de tudo... Vai concordar comigo, até porque eu não minto e vou lhe lembrar exatamente como foi.

Nada de encontro marcado, ninguém pensou em nos apresentar antecipadamente. Só nos esbarramos naquela noite, sem pretensão de nada e sem nenhum tipo de pré opinião. Estávamos ali com alguns objetivos em comum, claro...  Espairecer, encontrar os amigos, esquecer um pouco daqueles pensamentos que nos perseguem sempre no mais tardar da noite, aqueles que só e unicamente só nós sabemos... e agora, realmente, nós duas sabemos.

Sem muitas palavras, sem muitos rodeios. Foi apenas o olhar e um abraço, cativou-me e descobri-a em minha vida. De forma perpétua, agora.

Menina destemida, e com isso vira mulher de atitude. Você acha que não porque não foram todos que lhe entenderam a ponto de lhe deixar brilhar, e ser, e crescer. Não é todo mundo que merece  seu aconchego, não é toda conexão que requer  seu esforço, não é toda pessoa que é digna da sua atenção. Sentindo essa diferença a leveza lhe chega e pode ser o que quiser, eu vi isso em você. Na verdade, foi tão óbvio! Por isso a facilidade das minhas palavras lhe chegarem e a obviedade do nosso encontro, de almas.

Eu senti ali uma dor que não foi-me dita, uma dor que poucos percebem e que pode ser levar embora, como uma ajuda, sabe? E você sentiu, me viu, me falou e me fez partir com o mais amargor possível no coração. Como se parte do que sou ficasse pra trás. Acho que o que me consola é que isso lhe fez bem, ficar com uma parte de nós, lhe fez  tão bem, assim como fez a mim.

E é assim que ficamos: você com uma parte minha e que um dia terá que me devolver. Ou, levar mais um pouquinho... não sei doar só um pedacinho de mim. Quem me tem, quem me quer bem, leva tudo! E esse ‘tudo’ foi o que nos construiu por apenas nos esbarrar ali, na esquina, numa noite qualquer, num boteco da vida mesmo...

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