Não é o meu caos
É comum acordar nas manhãs de outubro com o céu repleto de nuvens, cheirinho de chuva por vir. Um dia mais fechado, melancólico... Hoje não foi diferente disso.
O sol perdeu a força em saiu de cena, deixando a negritude das nuvens mais carregadas tomarem conta do meu dia, especificamente do meu dia. E eu também fui bem permissiva! Abri a janela e deixei entrar essa taciturnidade imensa que imperou nas primeiras horas de um dia qualquer de outubro!
É, um dia qualquer. Nem fiz questão de saber a quantas estamos no calendário, nem o dia da semana procurei lembrar. Era um dia em que se propõe a simplesmente passar... as horas, as gotas de chuva, as tristezas marcadas no coração...
Não estava sofrendo de tédio, era tristeza. Gosto de chorar minhas mágoas, é comum. Tirei o dia, inspirador – diga-se de passagem, propício – a chorar tudo aquilo que não tive tempo. Nada agendado, não foi um encontro marcado com o meu lamentar, apenas fui sugestionada a isso... e não vamos deixar de dar crédito à você, não é? Ou quer ficar de fora dessa dança, com passos marcados, exaustivos e descoloridos – à combinar, novamente, com o dia cinzento?
Nem saí da cama e sei que será, pelo menos uma manhã, reflexiva. Às vezes acho que o mundo adora grandes mentiras, aquelas que contamos nos sorrisos gratuitos, amparos infinitos e abraços calorosamente cuidadosos... mas sabemos que nem sempre é assim, não?
Não sou feita de mentiras, muito menos as pronuncio! Acho que posso dizer que são tempos difíceis para aqueles que sabem sentir; intensos; genuínos. Isso porque estamos, de certa forma, sós! E eu ainda potencializo isso com uma pitada de choro desnorteado. Desenfreado, talvez, mas norte ele tem, destino ele tem, fundamento também.
Só com a fresta que abri, da janela, vejo-me no dia, nesta manhã libriana de um dia qualquer, ainda na cama, no aconchego de mim mesma. Tento deixar a agonia de um choro silencioso colocar as coisas nos seus devidos lugares. Não causo desordem, mas ordeno o que me chega bagunçado.
E é por isso que aleatoriamente este dia acontece. Para que eu destine minha manhã qualquer, num choro sentido, cauteloso e solitário. A organizar o caos que outros nos deixam e nem se dão conta. É isso que faço hoje, com a sua bagunça em mim.
Acalmo-me e pego a xícara deixada na cabeceira da cama. Já frio, assim como sua intenção com isso. Desce-me amargo. Acordo em definitivo, finalizo o choro e sigo meu caminhar. Ficam apenas vestígios de uma manhã negra aqui e lá fora.
Veremos o próximo dia, de um mês qualquer, num tempo qualquer em que eu não garanta a organização, mas vá de encontro ao caos, dentro de mim, de você.
Excelente 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼. Que orgulho!
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