Foi a música
E eu te conheci num samba... Melódico, ritmado, marcado, como o samba tem que ser. Mas, espere um pouco, vou reformular (uma das poucas coisas que faço, bem sabe): te encontrei num samba... Melódico, ritmado, marcado... por Deus!
Meus Deus! Que sintonia, que melodia... Quem ouve hoje acha que é apenas história, sabe? Daquelas contadas para impressionar aos novos casais, ou para fazer sentido a quantidade de anos que propomos a ficar juntos. Mal sabem que foi a música! Não é qualquer som, nem nota qualquer... foi o samba.
Dançando só, viajando na cadência, na letra, nas rimas de cada música, sentia-me até fora de mim. Deixei-me inundar pelo sentimento de liberdade que o samba carrega, esqueci que cada música traz consigo também uma bela história de amor. Abri os olhos e ali estava... a minha iniciava-se ali e eu nem imaginaria.
Apenas um gesto seu, pedindo-me a mão a conceder-lhe uma dança foi suficiente para me tirar a sanidade temporariamente. Há maneira melhor de apreciar os acontecimentos do que apenas deixar-se levar por eles? As reações do meu corpo aproximando-se do seu vieram em conjunto ao que a própria música faz com as batidas do coração: as contamina, e ambas batem, assim, como uma só!
Quando sentiu meu corpo perder os sentidos, me fez encontrar num beijo profundo... tão esperado ao longo de diversos passos dançantes. A música... tenho certeza de que o samba nos envolveu e ali foi feita nova composição. Ora, não é da vida que o samba se faz? Não é das emoções, vibrações e desilusões que os batuques ganham letras?
Dali seguimos adiante. Tomando rumo como uma evolução de samba enredo. Crescendo e marcando cada etapa com todo desejo descrito e sentido em cada nota do nosso samba... Quantas e quantas vezes escutamos o recado de Arlindo e não notamos que era para nós!?! Aqui nos digo, e cravo a verdade como única: “O desejo falou por nós disse assim: É o fim da tristeza / Bom de... mais o amor que a gente faz / Não tem fim nem adeus nunca mais”. Pronunciou e profetizou: É o fim da tristeza.
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