Vou me comportar, prometo!

Tenho que confessar que fiz promessas íntimas no começo do ano. Sei, clichê, sim, sei. Ano novo, vida nova, planos novos e atitudes a se renovar, não é o que sempre falamos no primeiro dia do ano, geralmente? Então, fiz isso. Prometi me comportar.

Como disse, prometi me comportar. O que isso quer dizer exatamente? Ah, muitas coisas que vivemos juntos me impediram de seguir em frente. O fato de ser teimoso, de ser inflexível em relação a praticamente tudo, de esquecer de mim durante o dia... Ok, já até imagino suas feições agora: um sorriso de canto de boca, escondendo na verdade a imensa chateação pelas minhas palavras. Mas é tudo verdade...

Assim, afastamo-nos. Definitivamente? Pois então, isso que prometi. Não repetir as mesmas brigas, apontamentos, sensações infelizes... E consequentemente nosso afastamento foi quase que inevitável...

Prometi me comportar e não lhe procurar. Prometi não deixar que o carinho de sua mão me convença novamente num afago certeiro; que não deixaria que seu cheiro tão viril me enlouquecesse a ponto de entregar-me ao seu perfume; prometi não notar a covinha que forma em sua bochecha ao sorrir timidamente quando confesso meu amor por você. Prometi ainda ensurdecer-me para as palavras que me diz ao ouvido, quentes e convincentes.

Vou comportar-me e não deixar que me seduza com seu jeito carinhoso de me abraçar ao dormir no sofá, após um longo filme, ou sua tentativa de me alegrar num despertar matinal ruim, nem reparar o quanto se esforça para deixar-me confortável quando numa situação que me sinto insegura. Bom, prometi tudo isso né...

Mas, diz-me, como prometer tudo isso se, ao rever ao que tenho que resistir, pego-me completamente sem incentivo? Acabo enxergando que há mais a agradecer e celebrar do que realmente a reclamar. Aí, pego-me em outro clichê: não cumprir promessas de início de ano!

Certo, não tenho medo de parecer piegas, banal muito menos ‘uma mulher sem palavras’. Palavras as tenho, sempre, bem sabe... Entendi que gosto mais de encarar tudo isso como desafios e vivenciá-los, do que reclamações sem soluções.

Bom, esta não foi uma reflexão lógica. Não me comportei, você não deixou. E que delícia de delírios e descumprimentos. Já espero o ano que vem em que já planejei minha promessa ser: desobediência. Imagina a que me permitirei então...

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