Recordações
Dia desses estava garimpando algumas fotos bem guardadas no fundo do armário para montar um álbum. Lembro que quando eu era mais nova era uma diversão ver álbuns… De formatura, casamento, bebês; geralmente eram temáticos. Deles saíam cada história! Lembranças mesmo. De quando a tia veio passar o Natal e reuniram-se para uma ’pastelada’ em família, ou do cachorrinho novo que conquistou todos na casa, da amiga antiga que hoje não sabe-se onde está…
Fotos desconexas, sem ângulo, às vezes sem foco (tínhamos que revelar todas) e o mais importante pra mim: sem pose! Como é chato esse negócio de montar um cenário para tirar foto. Isso acontecia, antigamente, quando ia-se em estúdio e fazia um book, com um profissional e tal, mas hoje não, é sempre arrumado, não tem mais espontaneidade, é tudo montado. Arruma o cabelo, ajeita a manga do vestido, vira o rosto para que o melhor lado saia na foto… Que coisa chata, sem graça! O legal era ver a risada de boca aberta mostrando a alegria do momento, ou a cara de sono depois de acordar numa manhã fresca na chácara dos pais.
Hoje é tudo engessado e isso reflete inclusive no ‘conhecer’ o outro. As fotos de antes mostravam mais seus gostos, seus amigos, e só quem você deixava via essa parte tão íntima da sua vida. Agora liberou geral, todos veem tudo com esse ‘trem’ de rede social, apesar de que ninguém se conhece apenas com fotos do rosto, são tiradas em vários dias diferentes, com batons de outra cor, com o cabelo penteado do outro lado mas sempre do rosto.
Como se lembra de momentos se só aparece você! ‘Eu na Chapada’ – aí aparece a bendita com a mão na cintura (nada da paisagem), ‘Eu no carnaval’ – aí ela está com a mesma mão na cintura mas com roupas coloridas (nada de trio elétrico), ‘Eu na fazenda’ – lá está ela com roupa de montaria e com a mão na cintura (nada de cavalos). Que coisa hein!
Somos o que vivemos, as lembranças são as provas da felicidade que sentimos, dos lugares que conhecemos, das pessoas que passaram em nossas vidas e um pouco disso tem sido roubado, o egocentrismo chegou e deixou essa forma gostosa de nostalgia pra trás…
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