É o balançar
Ainda deitada, sonolenta, preguiçosa, abriu os olhos lentamente, incomodada pela luz matinal que teimava em entrar pela janela. A deixavam aberta todas as noites a fim de deixar o quarto mais fresquinho.
Antes de pensar em levantar, desligou o alarme do celular – não queria acordá-lo, dormia tão bonito, como alguém que realmente precisava e gostava de um sono, peculiarmente, profundo.
Afastou os cabelos curtos dos olhos e conseguiu vê-lo. Sem se mexer, quietinha, observou ainda mais de perto, a ponto de sentir sua respiração. Sorriu, sozinha. Por minutos ficou aqui, sentindo, tudo.
Lembrou que tinha que levantar, mais um dia começava, ainda tinha que acordar os demais que saiam no mesmo horário. Não quis. Relaxou o corpo e deixou-se deitar mais uns instantes. Dessa vez o tocou. Passou a mão por sua nuca, delicadamente, não queria mesmo acordá-lo. Deixou a mãe deslizar para as costas, suada, um molhado excitante, adocicada…
A luz ainda incomodava, procurou abrigo no corpo dele que agora se mexeu pelo movimento na cama. Abraçou-a e ela aceitou o abraço mais como um início de que apenas um gesto despretensioso de quem dorme.
Tirou os lençóis que estavam entre eles, não queria nenhum impedimento, nem mesmo a chateação da noite passada que a deixou em claro por algumas horas antes do sono chegar.
Se aconchegou, mais perto ainda, sentiu o cheiro do desodorante amadeirado que usa diariamente e, nem por isso, é rotineiro. Suspirou. Deixou os quadris balançarem de leve, achegando-se. Gostou. Repetiu. Atrasou para o trabalho. Saiu sorrindo e começando o dia com o balançar mútuo dos quadris.
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