Nossos encontros calorosos
Nossos encontros eram demasiadamente calorosos. Não que eu esteja reclamando, mas é que, justamente por terem essa característica sinto falta às vezes; só às vezes.
Você ainda era mais velho e nunca tinha conhecido os prazeres de uma companhia mais íntima. Eu, mais nova e, com certeza mais experiente. Essa combinação nos deixou sem folego por um bom (muito bom) tempo. Até que nos limitamos a isso.
Disso também não reclamo. Sua pele macia e seus lábios que me tocavam suavemente, descobridores, ainda me deixam a imaginar o que poderíamos ter feito se tivéssemos continuado com aquela brincadeira gostosa.
Ou mesmo suas palavras sacanas ditas bem ingenuamente ao meu ouvido… Sabia que me deixaria desconcertada! Essas coisas me fazem pensar naqueles dias, ou noites, ou tardes, como tempo que já foi e deixou uma lembrança nostálgica, e sem arrependimentos.
Mesmo depois de anos, o reencontro foi ainda mais surpreendente. Descobrimos que suas mãos ainda sabiam o caminho e que meu perfume ainda o fazia delirar. Os filmes sem legenda, os chocolates recheados com licor e a série de desculpas que inventávamos davam graça ao perigo, naquela época…
Pensei no que me disse esses dias. As situações poderiam ter sido diferentes, mas gosto dos resultados a que chegamos hoje: você aí e eu aqui. Se fosse diferente poderia não ser tão gostoso. Acho que nós dois não aguentaríamos a rotina um do outro. O interessante nisso tudo é termos apenas poucas horas em comum.
Hoje tenho muito a perder. Além disso, a minha pieguice assumida me impede de transpor sentimentos importantes para mim e de outro. Claro, fico a imaginar… mas esses encontros ficam apenas ali, na imaginação. Saiba que por mais distante isso pareça, são alguns dos momentos do meu dia que mais gosto.
E, como bem sabe, a imaginação nos é inerente, a nós, amantes das palavras e pelo que sabemos de outras ‘cousas’ também.
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