Louca por não ter 'rostolivro'

Há alguns dias, numa rara noite em que fiquei acordada até mais tarde, assisti à um jornal de tv. Levantei-me do sofá rapidamente, percebendo a hora avançada, e fui em direção da televisão para desliga-la; acordo bem cedo e não me dou o luxo de acompanhar os programas noturnos.

Enfim, antes que eu apertasse o botão, parei para escutar uma notícia que realmente chocou o mundo (jargão de jornalista). O apresentador estava falando sobre aquele rapaz americano que, doidamente, entrou no cinema e saiu atirando para tudo quanto é lado sem motivo aparente ( se é que há algum aparente).

O âncora começou a notícia mais ou menos assim: ‘esse fato que aconteceu nos EUA nos mostra duas verdades sobre a sociedade americana: uma é que eles têm uma maneira de violência uma vez que o rapaz parecia ser um bom cidadão, estudou em boas escolas, era de família de classe média, não tinha passagens pela policia (diferente dos ‘ladrõezinhos brasileiros – parêntese meu) e a outra é que uma característica dos psicopatas de hoje é que eles são, geralmente, pessoas introvertidas, caladas, tímidas e não participam de redes sociais’.

Aqui vamos nós! Logo depois dele terminar essa descrição, pra mim, falha, desliguei a tv, rindo. Ok, ok, ele disse que isso é uma realidade americana mas, ainda assim não achei tão condizente com o que acontece mesmo.

Ora, sou uma pessoa conectada (como dizem por aí). Tenho e-mail – apesar preferir as cartas escritas à mão mesmo por achá-las mais íntimas, verdadeiras e românticas; leio as notícias pela Internet, tenho cadastro num programa de mensagens instantâneas – mesmo que eu goste de conversar pessoalmente, tenho uma página onde posto imagens que me agradam ; isso tudo significa que não sou isolada do mundo. Confesso que, depois do que escutei no jornal, fiquei com uma dúvida patética e irracional sobre isso.

Não faço parte de nenhuma rede social. Não tenho perfil no Facebook (podem acreditar), não tive Orkut, cancelei meu Badoo e não entro mais no Twitter. Já perdi encontros da minha turma de faculdade por isso, perdi alguns contatos ao longo dos anos que poderia encontrar, não sei da vida das pessoas – o que para mim é a vantagem disso tudo! Não suporto a utilização dessas redes! As pessoas as utilizam para fofocar, invejar, mostrar o que tem e o que não tem… Isso não faz parte de mim e eu não quero fazer parte disso. Absolutamente!

O fato de eu achar que há atividades mais interessantes que passar horas olhando fotos e feitos de outras pessoas não deveria me caracterizar como uma pessoa introvertida, tímida ou ainda psicopata. A distância que mantenho da futilidade desses contatos me deixa é orgulhosa de manter uma posição que poucos têm coragem de fazer. Já me chamaram atenção por isso, me julgaram, se distanciaram; mas isso é apenas questão de princípio.

Penso que, se a vida que levamos sem, muito espectadores, já pode ser difícil, cheia de desafios; imagina aquela exposta a qualquer tipo de comentário ou desejos ou energias – na maioria ruins. Não, prefiro ter por perto mesmo aqueles pessoas que queiram dividir minha vida comigo de maneira mais presencial.

Agora, pela declaração do jornal, já deixei avisado aqui em casa: se me virem por aí com uma arma na mão, cheia de bombas em casa e com o cabelo laranja, corram! Me descobri psicopata por não existir no Face!

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