So many (happy) changes

Diante de tantas mudanças, parei um pouco para refletir. Não que não fosse de costume fazer isso, mas, nesse ano que chegava ao fim, muitas situações seguiram rumos totalmente inesperados, deixando os momentos de reflexão mais escassos… Mas deveriam surgir com mais freqüência agora… Li um texto de Lya Luft uma vez que dizia que “para reinventar-se é preciso pensar”. Não queria me reinventar no sentido literal da palavra, mas melhorar minhas qualidades e diminuir meus vícios…

Sentei nos primeiros degraus da escada que dava acesso à área de lazer da casa. Era um dia fresco, mas, mesmo assim preferi a brisa de fora ao aconchego de dentro. Até porque algumas raras gotas de uma provável chuva caíam e elas, de certa forma, me acalmavam.

Encolhi as mãos nas mangas que sobravam de um agasalho antigo que ainda cheirava a roupa guardada. Abracei meus joelhos e me encolhi, procurando abrigo em meus próprios braços. Suspirei profundamente. Pensei satisfeita na felicidade que conquistara e vivenciara agora. Finalmente parecia que minhas escolhas recentes tinham sido certeiras.

Não só minhas escolhas – corrigi meus pensamentos – mas minha postura diante das opções que tinha. Encontrei o que queria porque sabia exatamente o que procurava, não era um ‘tiro no escuro’ como das outras vezes. Acho que até mesmo por isso, por conhecer minhas preferências e saber que eu ‘merecia’, soube identificar o que me estava reservado e como tornar isso parte da minha vida.

Acho também que, a vantagem de passar por muitas experiências ruins (também) nos ajuda a encarar os problemas atuais com mais resignação. Além disso, percebi que podemos tirar proveito de tudo que passamos – claro que devo esse crédito à minha mãe que pacientemente lutou para que compreendesse isso…

Soltei os joelhos e estiquei os braços numa preguiça gostosa. Continuava observando a chuva que demoradamente se formava. Olhei pro varal de roupas… teria que recolhê-las. A camisa dele… estava ali. Ele! Me veio uma tranqüilidade imensa ao lembrar dele. Com certeza ele representava em minha vida a concretização de minhas mudanças. É com ele que divido meu amor humilde, compreensivo, tranqüilo e confiante. Diferente do que costumava ser…

Mérito meu e dele. É por ele me passar tanta confiança que consigo tentar acertar sem tanta preocupação, ele me dá a possibilidade do erro sem cobranças… Nossa, como o amo, humildemente! Lembrei também de um texto que li de uma jornalista – Andréia Freire. O texto*, intitulado “O amor maduro e a forma sublime de ser adulto” mexeu comigo e ajudou a identificar minhas falhas e confusões. Algumas passagens me vieram a cabeça…

“O amor maduro não é fraco em intensidade. Ele é apenas mais silencioso. Não é menor em extensão, é definido. Não é escondido, é humilde. Não é vaidoso, é seguro. Não precisa de presenças exigidas, pois amplia-se nas ausências significativas. O amor maduro tem problemas, mas vive apenas os problemas da felicidade… que são formas trabalhosas de construir uma vida em comum. (…) O amor maduro não disputa, não cobra, pouco pergunta porque muito sabe. Tem medo sim, mas não faz dele um argumento.

Basta-se com a própria existência, alimenta-se do instante presente e importante (…) é a valorização do melhor do outro, relaciona-se com a parte salva e vai buscar a que está perdida. (…) Não pede, tem a si. Não reivindica, conquista. Não persegue, recebe. Não exige, oferece. Não pergunta, responde. Existe para fazer o outro feliz.

O amor maduro não precisa de armaduras, pois está sempre exposto. Não usa enfeites, flâmulas, medalhas, porque não busca fama, contenta-se com um sorriso. É humano, deixa escapar a carência, demonstra necessidade, revela dependência. Mas não é sufocante, voraz, fraco. Cresce na verdade e dispensa a ilusão. (…)”.

Percebi que somos – eu e ele – o que de melhor aconteceu pra mim. Espero que consiga passar isso pra ele e absorver o que ele faz por mim, naturalmente.

Após tantos pensamentos, confesso que desordeiros, levantei. A chuva começava a cair mais forte. Fui recolher a roupa, com ligeiro atraso. Peguei a camisa dele, dobrei e guardei junto com as minhas. Ficará ali até quando nos encontrarmos de novo. Dessa vez tenho certeza de que sempre nos encontraremos…

“(…) A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranqüilidade, querer com mais doçura (…)”. Lya Luft

* Texto extraído da página: A Poeta de Alcova. Recomendo!

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