Para o amor não encontrado
Nas cartas que trocávamos desde a época em que ela se mudou, de tudo escrevíamos. Ali não sentia nenhum constrangimento. Recordava lembranças de infância, a saudade que sinto dos meus distantes, as frustrações que tenho por imaturidade minha e as confusões sentimentais que me atormentam nas noites mais longas. Na verdade este é o assunto mais abordado, tanto por ela quanto por mim mesmo. O tema comum me conforta, saber que tenho companhia na dúvida me faz entender que sozinho não estou. Me fazia bem ler nas linhas espaçadas aquela letrinha dela tão bem feita, desenhada, diferente das padronizadas e frias das telas do computador. Sim, sou adepto ao retrô (mais charmoso de se dizer). O envelope sempre vinha com algum detalhe diferente do anterior. Ou era uma letra, sinal ortográfico ou mesmo um pequeno desenho mal feito, mas, delicadamente colocado de propósito. Geralmente era como um código que eu esperava ansiosamente para decifrar. Na carta os elementos nem sempre eram fáce...