Fugaz
Não sei precisar por quanto tempo fiquei sentado no carro a olhá-la. Imagino que tenham passado horas, estava com fome e a sede já me tirava a paciência. Assim presumo que estava ali há bastante tempo, certo de que valia a pena, vê-la mesmo que por segundos seria o melhor momento do dia. E isso já acontecia há alguns... Mesmo nos dias mais chuvosos eu a esperava passar. Trancado no carro, tentando disfarçar minha presença, aguardava os pequenos e poucos passos que ela dava entre a porta de sua casa e a de entrada no carro que a buscava. Às vezes sorridente, outras, triste. Eu sabia suas reações, eu sabia lê-la ainda que isso não bastasse para que ela considerasse nossa volta. Ela é assim: encantadora. Não apenas no imaginário lúdico e romântico da palavra. Era realmente encantadora. Seus cabelos ruivos de um tom acobreado fascinavam a cada movimento delicado que sua cabeça fazia ao caminhar. Levemente ondulados tinham um aroma próprio, não havia a mínima chance de descrever....